Neste painel vamos permitir que poesias psicografadas por médiuns venham juntar-se aos nossos poetas do Núcleo Francisca Julia.
Francisca Julia terá suas poesias e sua vida abertas para que os interessados na poetisa maior do parnasianismo brasileiro.
Nós possuímos os seus livros e queremos que ela possa hoje ser conhecida como o foi no final do século 19 e nas primeiras décadas do século passado.
AGOSTO - MÊS DE ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO
Venha até nossa sede e durante este mês de agosto estaremos iniciando nossas atividades (veja os horários) com uma bela poesia de Francisca Julia.
No dia 31 deste mês. à noite será dedicada a nossa poetisa maior. A palestra da auto-ajuda terá como temática sua vida e obra.
Também, se você é poeta e tem conhecimento da poesia parnaziana está desde já convidado a enviar-nos o seu poema e o publicaremos no site.
SINTA ESTAS POESIAS
FOGE
Foge, sem ódio, ao mal; o bem pratica;
Se a dor lhe dói, cuida-a gostosa e boa,
Ou faz então com que ela lhe não doa;
Na pobreza em que está julga-se rica.
O mal, sabe que passa; o bem, que fica.
Por isso o bem acolhe e o mal perdoa.
Quanto mais vivo, mais se aperfeiçoa,
Quanto mais sofre, mais se glorifica.
Por essa alta moral os atos regra;
Em nenhum outro esforço em vão se cansa,
Por nenhum outro ideal se bata em vão.
E é feliz, mais feliz porque se alegra
Não com o muito que a sua mão alcança,
Porém com o pouco que já tem na mão.
MUSA IMPASSIVEL II
Musa! Um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não a quero
Em tua boca suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.
Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
(Mármores)
ALMA ANSIOSA
Ela vai onde a leva a bondosa lembrança,
Sempre grata do largo e abençoado caminho;
Ave de arribação, palpita na esperança
De tecer outra vez, na antiga fronde, o ninho.
A alma esquece ao partir, a dor do seu espinho,
Porque parte sonhando, à medida que avança
Depois da luta, a paz, da dúvida, a confiança,
E do ermo e do abandono, o conforto e o carinho
Mas não sabe se ao final da viagem insensata,
Se afinal, para além do sonho, que a arrebata,
Desviando-se da luz, vai para a escuridão;
Sabe apenas que sente, ao voltar, tristeza
De ver-se novamente à vil matéria presa ...
E fecha, sobre si, as portas da prisão.
(Mármores )
VÊNUS
Branca e hercúlea, de pé, num bloco de Carrara,
Que lhe serve de trono, a formosa escultura,
Vênus, túmido o colo, em severa postura,
Com seus olhos de pedra o mundo inteiro encara.
Um sopro, um quê ele vida o gênio lhe insuflara;
E impassível, de pé, mostra em toda a brancura,
Desde as linhas da face ao talhe da cintura,
A majestade real de uma beleza rara.
Vendo-a nessa postura e nesse nobre entono
De Minerva marcial que pelo gládio arranca,
Julgo vê-la descer lentamente do trono,
E, na mesma atitude a que a insolência a obriga,
Postar-se à minha frente, impassível e branca,
Na régia perfeição da formosura antiga.
Mármores